quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Marcadores de livros


A escola fez 25 anos e a biblioteca também teve como prenda, marcadores de livros feitos pelos alunos no ATL.

A BECRE gostou muito da oferta e agradece colocando aqui um texto sobre marcadores do amigo José Fanha,publicado no seu blog "Queridas bibliotecas".

Os marcadores são a porta que abre o livro e nos pisca o olho. "Entra!" diz o marcador. Outras vezes sussurra-nos: "Vá... Já estás a cair de sono!" e pede-nos para fechar o livro e deixá-lo também a ele, marcador, descansar na sua cama de letras.


Ler inclui um vasto conjunto de práticas que variam de época para época, de local para local, de pessoa para pessoa.

Cada um lê de uma maneira própria…
No meio da sala, num cantinho escondido, numa mesa de café, no autocarro, na biblioteca, na cama.
Mas também…
Junto à lareira no Inverno, no meio da verdura inebriante de um jardim na primavera, no fresco da brisa nocturna no Verão.
Ou ainda…
De pé, sentado, de pernas para o ar, deitado.
Porventura…
De dia, de tarde de noite.
Por vezes…
A tomar chá ou café, a beber uma cerveja, a comer amendoins.
Eventualmente…
Vestido de fato e gravata, de fato de treino, de calções, de pijama.
Alguns…
Com um lápis ruído na mão ou a torcer e retorcer uma ponta de cabelo.

Todos nós temos os nossos rituais de leitura e os nossos auxiliares. De entre os muitos auxiliares de leitura possíveis gosto de nomear o marcador.

Há quem o use apenas para cumprir uma função: marcar a página em que se parou a leitura sem ter que a dobrar ou danificar.

Mas o marcador traz consigo uma mensagem. É colorido ou sombrio. Reproduz uma obra de arte. Traz um desenho. Fala por vezes de outro livro.

O marcador é um amigo, uma espécie de mediador entre nós, o livro que lemos e o próprio acto de leitura. O marcador acaba por falar connosco, acrescentando um “ruído” de fundo aquele maravilhoso acto de ler em solidão.

Adoro marcadores. São amigos que não dispenso neste vício bom que é ler. Como quem escolhe a gravata que fique bem com uma determinada camisa, ou uma camisa que fique bem com um determinado fato, escolho cuidadosamente para cada livro que vou ler, o marcador que “lhe vai bem”.

Tenho a certeza de que o mundo fica mais feliz quando procuramos equilíbrio entre as coisas. Por isso, a escolha de uma coisa tão simples como um marcador pode ser um acto arbitrário uma atitude estética e ética como, no fundo, são todas as escolhas.

José Fanha
29/09/07

1 comentário:

Margarida Costa disse...

Que texto bonito que ainda não conhecia!

Continuação de Bom Trabalho!

Margarida